Como é a representatividade feminina no mundo da moda?
- Ana Lívia
- 3 de dez. de 2019
- 3 min de leitura

Empreendedoras donas de marcas autorais apresentam suas criações ao público, seja em lojas físicas, online ou na passarela, são representados conceitos que variam entre o fast fashion e o slow fashion.
Estudantes como Natalha Cardoso que ainda no curso de design de moda optam em abrir seu próprio negócio “Já entrei na faculdade com esse sonho e aos poucos as coisas foram
evoluindo e virou uma meta.” Explicou a aluna de design de moda da Universidade Federal de Goiás (UFG) e dona do Ateliê Natalha Cardoso onde produz e comercializa vestidos de festa.
“Mas notamos que ainda são homens os donos das maiores marcas, dos melhores cargos e os nomes com maior destaque, mesmo que na faculdade a maioria são mulheres. Eu sempre luto e incentivo mulheres a empreender e serem independentes. ” expressa Natalha.
Em uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE sobre Empreendedorismo Feminino apontou que nos estágios iniciais de empreendedorismo se destacam as mulheres, porém nos cargos mais altos e estabelecidos os homens lideram com 2,9% de diferença. Há um caso maior de desistência no caso das mulheres, porém a situação está longe de ser por falta de interesse feminino.
No mercado da moda, que é massivamente voltado para o consumo feminino (elas gastam três vezes mais em roupas que homens) de acordo com dados levantados pela McKinsey & Company juntamente com a Council of Fashion Designers of America (CFDA) e a revista Glamour menos de 50% das marcas conhecidas de roupas femininas são criadas por mulheres, e apenas 14% das principais marcas têm uma executiva como responsável.
As iniciativas das empresas para trazer a igualdade de gênero para dentro do mercado ainda estão longe de ser resolvidas. No levantamento "Índice de transparência da moda Brasil" feito pelo grupo Fashion Revolution, apontou que das 20 maiores empresas da área 15% divulgam projetos para capacitação focados na igualdade de gêneros e empoderamento feminino e só uma empresa divulga a diferença de salários entre homens e mulheres.
Anne Magalhães relata que a princípio não conseguiu conciliar as responsabilidades
da universidade com o brechó. Reaberto após sua graduação, as dificuldades agora são
outras: Alcançar o público alvo, a disponibilidade de peças únicas aos clientes e o fluxo
de vendas. “Tem vários pontos que complicam um pouco a saída de peças, é um processo
de aprendizado” explicou.
Natalha atenta para o financeiro “Trabalhar com vestido de festa é caro e não tive um
investimento alto para começar. Invisto no meu conhecimento também, não só de moda
mas de marketing, empreendedorismo e administração”.
MODA AUTORAL
Com possibilidade de apresentar uma marca nova de novos autores, o mercado da morda autoral é cada vez mais inclusivo e direcionado. A moda autoral pode ser interpretada como "todo produto feito por criadores que estão bastante próximos de suas criações, seja no que diz respeito ao processo de criação e/ou de confecção do produto, seja no que diz respeito à venda do mesmo." de acordo com o relatório de Inteligência sobre moda SEBRAE.

Anne Magalhães formada em publicidade e propaganda é dona do brechó Bug Bug. A
marca traz um conceito de produção e customização a partir do que já existe.
Anne repensa na moda de forma consciente adotando o conceito do slow fashion. Ela cria suas peças com roupas que encontra em galpões na grande Goiânia. “Vamos repensar a nossa forma de consumo para utilizar o que a gente já tem produzido hoje e está abarrotado nos brechós em perfeito estado”
Mulheres provenientes de áreas de formação distintas se encontraram na produção de
roupas. É o caso de Thaty Cunha dona e estilista da marca Crioola. Formada em publicidade
e propaganda e gestão ambiental se viu insatisfeita trabalhando em escritório. Foi quando
decidiu fazer um curso voltado para a produção de moda “Eu fiz minha matrícula e pedi
conta, fiquei um semestre estudando corte, costura, modelagem...” Após vender suas
primeiras peças, resolveu investir na área “Nesse dia eu falei ‘eu vou continuar com isso’
e a Crioola já tem sete anos. ” Disse.
No conceito do fast fashion, Fatima Carvalho trabalha com abastecimento mas também
investe nas suas produções. Também estudante de design moda da UFG começou seu
negócio sem muito planejamento “Eu sou totalmente atípica nessa área, todos me
disseram que não ia dar certo, mas deu.”
Fernanda Simon e Eloisa Artuso trabalham produzindo conteúdos que dialogam com a sustentabilidade e ética no mercado da moda.
Eloisa é coordenadora educacional do Fashion Revolution Brasil, co-fundadora da UN Moda Sustentável e professora de Design Sustentável.
Fernanda é coordenadora nacional do Fashion Revolution Brasil, consultora da UN moda sustentável, co-idealizadora da Brasil Eco Fashion Week e ativista.
No vídeo a seguir em palestra para o TEDx, elas explicam como produzir uma moda consciente em vários aspectos. Confira:
Comentários