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Foto: Vernissage

Empreendedoras donas de marcas autorais apresentam suas criações ao público, seja em lojas físicas, online ou na passarela, são representados conceitos que variam entre o fast fashion e o slow fashion.


Estudantes como Natalha Cardoso que ainda no curso de design de moda optam em abrir seu próprio negócio “Já entrei na faculdade com esse sonho e aos poucos as coisas foram

evoluindo e virou uma meta.” Explicou a aluna de design de moda da Universidade Federal de Goiás (UFG) e dona do Ateliê Natalha Cardoso onde produz e comercializa vestidos de festa.




“Mas notamos que ainda são homens os donos das maiores marcas, dos melhores cargos e os nomes com maior destaque, mesmo que na faculdade a maioria são mulheres. Eu sempre luto e incentivo mulheres a empreender e serem independentes. ” expressa Natalha.



Em uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE sobre Empreendedorismo Feminino apontou que nos estágios iniciais de empreendedorismo se destacam as mulheres, porém nos cargos mais altos e estabelecidos os homens lideram com 2,9% de diferença. Há um caso maior de desistência no caso das mulheres, porém a situação está longe de ser por falta de interesse feminino.


No mercado da moda, que é massivamente voltado para o consumo feminino (elas gastam três vezes mais em roupas que homens) de acordo com dados levantados pela McKinsey & Company juntamente com a Council of Fashion Designers of America (CFDA) e a revista Glamour menos de 50% das marcas conhecidas de roupas femininas são criadas por mulheres, e apenas 14% das principais marcas têm uma executiva como responsável.


As iniciativas das empresas para trazer a igualdade de gênero para dentro do mercado ainda estão longe de ser resolvidas. No levantamento "Índice de transparência da moda Brasil" feito pelo grupo Fashion Revolution, apontou que das 20 maiores empresas da área 15% divulgam projetos para capacitação focados na igualdade de gêneros e empoderamento feminino e só uma empresa divulga a diferença de salários entre homens e mulheres.


Anne Magalhães relata que a princípio não conseguiu conciliar as responsabilidades

da universidade com o brechó. Reaberto após sua graduação, as dificuldades agora são

outras: Alcançar o público alvo, a disponibilidade de peças únicas aos clientes e o fluxo

de vendas. “Tem vários pontos que complicam um pouco a saída de peças, é um processo

de aprendizado” explicou.


Natalha atenta para o financeiro “Trabalhar com vestido de festa é caro e não tive um

investimento alto para começar. Invisto no meu conhecimento também, não só de moda

mas de marketing, empreendedorismo e administração”.



MODA AUTORAL


Com possibilidade de apresentar uma marca nova de novos autores, o mercado da morda autoral é cada vez mais inclusivo e direcionado. A moda autoral pode ser interpretada como "todo produto feito por criadores que estão bastante próximos de suas criações, seja no que diz respeito ao processo de criação e/ou de confecção do produto, seja no que diz respeito à venda do mesmo." de acordo com o relatório de Inteligência sobre moda SEBRAE.



Com inspiração nos anos 90, as peças são feitas pensadas nas jovens estudantes que precisam de roupas de baixo custo e práticas para o cotidiano. Foto: @bugbgubrecho via Instagram

Anne Magalhães formada em publicidade e propaganda é dona do brechó Bug Bug. A

marca traz um conceito de produção e customização a partir do que já existe.


Anne repensa na moda de forma consciente adotando o conceito do slow fashion. Ela cria suas peças com roupas que encontra em galpões na grande Goiânia. “Vamos repensar a nossa forma de consumo para utilizar o que a gente já tem produzido hoje e está abarrotado nos brechós em perfeito estado”












Imagem: SEBRAE - Relatório de Inteligência Fev-Maio/2017

Mulheres provenientes de áreas de formação distintas se encontraram na produção de

roupas. É o caso de Thaty Cunha dona e estilista da marca Crioola. Formada em publicidade

e propaganda e gestão ambiental se viu insatisfeita trabalhando em escritório. Foi quando

decidiu fazer um curso voltado para a produção de moda “Eu fiz minha matrícula e pedi

conta, fiquei um semestre estudando corte, costura, modelagem...” Após vender suas

primeiras peças, resolveu investir na área “Nesse dia eu falei ‘eu vou continuar com isso’

e a Crioola já tem sete anos. ” Disse.


No conceito do fast fashion, Fatima Carvalho trabalha com abastecimento mas também

investe nas suas produções. Também estudante de design moda da UFG começou seu

negócio sem muito planejamento “Eu sou totalmente atípica nessa área, todos me

disseram que não ia dar certo, mas deu.”


Imagem: SEBRAE - Relatório de Inteligência Jan-Fev/2019

Fernanda Simon e Eloisa Artuso trabalham produzindo conteúdos que dialogam com a sustentabilidade e ética no mercado da moda.

Eloisa é coordenadora educacional do Fashion Revolution Brasil, co-fundadora da UN Moda Sustentável e professora de Design Sustentável.

Fernanda é coordenadora nacional do Fashion Revolution Brasil, consultora da UN moda sustentável, co-idealizadora da Brasil Eco Fashion Week e ativista.

No vídeo a seguir em palestra para o TEDx, elas explicam como produzir uma moda consciente em vários aspectos. Confira:


Vivências de pessoas que buscam estabilidade financeira no mercado artístico

Foto: Ana Lívia Rodrigues/Vernissage

"As pessoas não acreditavam que eu iria conseguir, elas achavam que era bobeira minha, que eu ia morrer de fome e que isso não me levaria a lugar algum"
"Trabalho com circo, a falta de interesse e altas tarifas de impostos está fazendo com que mudamos para outros estado. Não se vê atividade cultural, e sim uma empresa se instalando. Pagamos impostos absurdos para trabalhar uma semana na cidade."
"Cultura é sinônimo de desenvolvimento pessoal, social e econômico e em minha cidade não temos nenhum equipamento cultural. Não tem fundo de cultura. Meus projetos são movidos a editais e materiais reciclados."
"Eu não acho que Goiás é favorável aos artistas e nem outro lugar. O nosso país não está favorável para o artista."
"Muitos ainda acham um absurdo pagar um preço justo em cima do meu trabalho."

Essas são respostas de artistas para uma pesquisa feita pelo Vernissage. O intuito da pesquisa é retratar as vivências e dificuldades de quem trabalha com empregos criativos. Além disso foi reunido histórias do percurso dos artistas de algumas áreas.







Segundo o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil publicada este ano, realizada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) a indústria criativa foi responsável por uma relevante geração de valor na economia do Brasil, participando de 2,61% do PIB em 2017, entretanto esse número vem caindo desde 2014.


O setor da Cultura é o menor na questão de empregos formais e menor salário médio. Goiás registrou em 16° lugar nos termos de participação de profissionais da cultura, com 9,6% e em 10° lugar na criação e salários na área cultural. Nos empregos criativos em geral, a participação dos empregados criativos no total de empregados do estado ficou abaixo da média, com 1,2%.



TRAJETÓRIAS


Bianca Correa é atriz, nascida no interior de Goiás e atualmente mora no Rio de Janeiro. Ela conta que na sua cidade nunca teve muito acesso à cultura, e por falta de referências tinha medo de assumir a vontade de seguir carreira artística. "Eu costumo falar que eu não fiz uma escolha, eu meio que nasci com isso." disse. A atriz explica que ingressou em uma graduação porém trancou o curso e então em 2015 começou a investir em sua carreira.


"Atualmente eu ainda não consigo me sustentar do que eu faço, eu sempre tive que tentar arrumar outra fonte de renda. Porque a gente sabe que infelizmente aqui no Brasil a gente não é incentivado a valorizar a cultura de uma maneira geral. Eu nunca consegui me sustentar só da minha arte não, nem como atriz, nem como escritora, é muito complicado no quesito de investir na minha carreira, porque é tudo muito caro, cursos, workshops. As pessoas tendem ainda a elitizar muito a cultura o que dificulta muito as coisas" explicou Bianca.


A jovem relata que já trabalhou em uma companhia de teatro com carteira assinada e com seus direitos trabalhistas garantidos, mas o salário também não era suficiente. Sobre o cenário atual da arte no Brasil, ela reconhece melhorias mas na sua vivência percebe que a desvalorização do artista ainda é recorrente. "Eu vejo que tem crescido bastante as companhias, as oportunidades, tanto para o lado publicitário também. Pro lado televisivo ainda não muito, mas já melhorou bastante, tem vários curtas surgindo por conta das leis, eu já participei de um curta que foi pela lei estadual. Mas ainda falta muito, eu acredito que o problema é estrutural, desde sempre, socialmente falando, no nosso país. Tem muito ainda o que melhorar." ponderou.


Além de atriz Bianca é idealizadora do BWc2, um estúdio de audiovisual voltado para gravações com preços acessíveis, possui um canal no Youtube e também trabalha como modelo fotográfica.


Bianca Correa via Instragram


Bruno Bonfim, tem 20 anos e exerce sua arte dando vida a Drag Queen Affe Minada, suas performances envolvem apresentações como DJ. Em 2016 entrou na graduação de Direito mas decidiu não seguir carreira. "Eu ainda não era extremamente envolvido com a arte Drag, não via um "futuro" pois não tinha em quem me espelhar. Me mudei pra Anápolis onde comecei a cursar publicidade e a ativar de fato minha veia artística quanto Drag Queen, já se fazem 2 anos que me monto consecutivamente e eu espero ter um futuro e viver bem com isso como profissão, ainda curso publicidade mas com intenção de agregar na minha carreira artística, e espero que dê certo" relatou.


As dificuldades de exercer apenas sua profissão artística também é presente. Além do mercado desvalorizado Bruno cita as causas sociais. "Então, ainda não consigo me manter pela arte que faço, o mercado Queer ainda é bem desvalorizado pois a nossa sociedade ainda é muito machista/homofóbica para conseguir enxergar a plenitude ser um artista que trabalha com transformação, muitos ainda acham um absurdo pagar um preço justo em cima do meu trabalho. Não entendem que o valor de uma maquiagem, roupa e peruca são absurdamente caros, tento procurar outros meios para poder bancar as "montações" que considero as vezes luxo. Mas para gente que é artista é sempre muito entusiasmante estar impecável do jeito que você deseja. Espero que algum dia eu consiga viver e me manter com meu trabalho"



Affe Minada via Instagram


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